Babilak Bah

OU A GENTE SE 'RAONI' OU A GENTE SE 'STING'
A música do Babilak Bah faz um protesto contra a injustiça social e denuncia as mazelas sociais, em um trocadilho poético que, na verdade, diz que Ou a gente se reúne ou a gente se extingue

POR JERÚSIA ARRUDA
 

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Imagine o som do ferro batendo em uma enxada. Multiplique por dois, três, quatro, cinco ou mais. Agora misture a suavidade do violoncelo, violinos, caixa de folia, a alegria do pífano – às vezes dois, tocados ao mesmo tempo pela mesma pessoa – e o peso dos tambores, guitarra, baixo e sintetizador. O resultado é a música do Babilak Bah e sua Enxadário: Orquestra de Enxadas, que mistura a cultura autóctone às novas linguagens, com uma performance sonora e visual surpreendentes.

No palco, a enxada não é uma ferramenta milenar, usada como base sustento de trabalho árduo, geradora de alimentos, alegria e exploração, ou uma arma, como define Bah em seu CD Enxadário. Ela é um instrumento musical. Mais do que isso é o principal instrumento de um show onde a poesia convive em pé de igualdade com o protesto, o engajamento e a exuberância da black music reforçada pelas nuances dos sons nativos. Assim também é o Cd, que reúne faixas de música incidental, instrumental calcado nos sons da enxada, no surpreendente berimbacia (instrumento criado pelo músico à base de arco de berimbau e bacia), na expressiva rapsódia de Babilak Bah, que passeia livremente pela literatura popular com fortes influências da cultura africana, resultando em uma colheita musical que vai do Bolero de Ravel a Zé Ramalho, com intervenções poéticas vigorosas e livres, e atiladas experimentações sonoras.



BABILAK BAH
O paraibano Babilak Bah é poeta, escritor, compositor, pesquisador e músico autodidata. Com a Enxadário: Orquestra de Enxadas, ao lado de percussionistas mineiros, mixou o timbre de enxadas com cordas, guitarra, trombone, baixo, intervenções eletrônicas e canto lírico. Babilak iniciou a carreira no teatro de rua e suas pesquisas sonoras têm como foco a diversidade cultural. Além da Enxadário, atua na banda ZeNpreto e coordena oficinas musicais em projetos sociais em Belo Horizonte, onde reside.
Autor de dois livros de poemas, os trabalhos de Bah sempre foram estabelecidos a partir de intensas pesquisas de experimentação musical e exploração de sons produzidos inclusive a partir do próprio corpo, unindo poesia e percussão, e desenvolvendo estudos entre ritmo e a globalidade do ser.


Essa experimentação pode ser vista pelo público belo-horizontino, nos últimos anos, em shows como Afroprogressividade - espetáculo multimídia, na oficina-show Enxadário: Orquestra de Enxadas, quando difundiu sua tamborologia, e na última edição do Conexão Telemig Celular de Música, quando dividiu o palco com o múltiplo artista Jorge Mautner.


Com a música Vou me Raoni, Bah faz um protesto contra a injustiça social e denuncia as mazelas sociais, com um trocadilho poético que também diz que “ou a gente se reúne ou a gente se extingue”.

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