Tiago Moreno

O MENINO DOS PALCOS
Com sorriso franco e olhar decidido Tiago Moreno se prepara para ganhar os palcos cariocas. Depois de cinco anos estudando teatro em Montes Claros, Tiago decide alçar novos vôos buscando espaço de trabalho no Rio de Janeiro

Jerúsia Arruda


O talento e a simpatia ele herdou da família. A determinação em conquistar seu próprio espaço também. Até no nome ele inspira arte: Tiago Moreno. Um garoto de 22 anos, cinco deles dedicados ao estudo do teatro, que decidiu trocar os Montes Claros pelo burburinho das terras fluminenses onde, como ele mesmo diz, a arte fervilha e traz oportunidades.
Tiago Moreno estreou no teatro com o grupo Oficinato, do diretor Aldo Pereira.
- Minha primeira experiência no palco foi em 2003, na peça O Defunto Premiado. Já estava no grupo Oficinato há algum tempo, e depois de encarar o desafio descobri que o teatro já era uma paixão sem cura – relembra o ator.
Com apoio dos familiares e incentivo fiel de sua mãe, Cleonice Souto, Tiago diz que a vontade de seguir carreira se definiu rapidamente.
- A arte é uma profissão penosa, que exige sacrifícios, e desde cedo meu pai (o escritor Georgino Jr.) me advertiu sobre isso. Mas não tive escapatória. Logo que comecei a freqüentar as aulas fui me envolvendo e então decidi me aperfeiçoar. Além das aulas com Aldo Pereira, também estudei no TU (teatro universitário) onde tive aulas teóricas e preparação técnica com a professora Terezinha Lígia - conta o ator que neste ano conclui o curso de graduação em Educação Física.


CENA ABERTA
A última apresentação de Tiago com o grupo Oficinato foi durante a 5ª Mostra de teatro em Montes Claros.
- Agora estou com o grupo ArtCena, do diretor Haroldo Soares, me preparando para apresentar o espetáculo Cena Aberta, com texto do jovem autor montes-clarense Marcos Frederick, com estréia prevista para o próximo mês de novembro. A peça é um drama, com abordagem de valores e conflitos próprios da natureza humana, o que já é uma característica do grupo. Mas como o público de Montes Claros não está preparando para um drama, Haroldo adaptou o texto com pequenos momentos cômicos – explica o ator que no espetáculo atua ao lado de Amanda Gomes, Fernando Coelho e grande elenco.

FALTA DE ESPAÇO
Apesar de estar apenas começando na profissão, Tiago Moreno diz lamentar as condições de trabalho para o artista em Montes Claros.
- A cidade é um celeiro musical em todas as vertentes da arte, mas a falta de espaço e de estrutura limita o trabalho do artista, que acaba por se perder no meio do caminho. É difícil estudar, se preparar tecnicamente, produzir bons espetáculos sem dispor de um espaço compatível. As autoridades deveriam dar maior atenção à Cultura. De todas as áreas, é a menos assistida – lamenta o ator que no próximo ano se muda para o Rio de Janeiro, onde vai buscar aprimorar seus conhecimentos, fazer testes e tentar se firmar na profissão que escolheu como norte de sua vida.
- A qualidade do trabalho artístico de Montes Claros por se só justifica um investimento maior das empresas e do poder público no segmento cultural. Acredito que se os artistas tivessem esse apoio, em vez de irem para outros centros buscar por trabalho, os diretores de lá é que viram para cá, atraídos pelos bons profissionais que temos, mas que não têm oportunidade de se aprimorar – diz o ator, que também é desenhista.

PROFISSIONALIZAÇÃO
Tiago Moreno diz que para se firmar como artista é imprescindível a disciplina, a profissionalização e consciência de que esta é uma profissão como outra qualquer.
- É importante que o artista se credencie, se habilite para exercer a profissão, e não se deixe levar pelo glamour que o trabalho inspira. É preciso conhecer o potencial e tentar superar sempre os próprios limites. Sou uma pessoa despojada, espontânea e nada pragmática, mas que tem os valores calcados na família. Não sei como será daqui em diante, mas nunca vou perder minha humildade nem a coragem de batalhar para ver meus sonhos se tornarem realidade – conclui Tiago Moreno, que se diz consciente das dificuldades que tem pela frente, mas o fato de contar com o apoio de seus familiares já suaviza a luta.

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