Segunda chance:
Décadas depois, artista norte-mineiro revive o sonho de cantar e ser um ídolo ao estilo da Jovem Guarda
Já dizia o poeta que os sonhos não envelhecem. Para Lourinho, artista norte-mineiro que iniciou recentemente sua carreira de cantor, a afirmação é uma máxima. Afinal, mais de quatro décadas depois, o menino de Angico, zona rural de Brasília de Minas, município situado a 104 km de Montes Claros e 459 de Belo Horizonte, vê se realizar o sonho alimentado a canções da Jovem Guarda, numa época em que o estilo era unanimidade.
Mas a porta para a arte de cantar não se abriu por acaso para Lourinho. Ao contrário. Durante a adolescência, durante as idas e vindas no trajeto Angico-Brasília de Minas-Angico, Lourinho já se imaginava nos palcos, quem sabe ao lado do rei Roberto Carlos, cantando com suas grossas correntes prateadas no pescoço e calças boca-de-sino.
Foi embalado por esses devaneios, quase realidade de tanto que se repetiam em seu imaginário, que Lourinho se mudou para São Paulo. E foi lá que conheceu mais de perto a realidade do show business tupiniquim. "Cantar é um sonho de menino. Quando assisti pela primeira vez o Show do Gongo, programa de calouros do SBT, tive certeza que um dia também estaria ali naquele palco", conta.
Foi com essa certeza que Lourinho se inscreveu para o show e foi chamado. A apresentação seria no início de janeiro. Como era fim de ano, Lourinho resolveu visitar a família e a namorada em Brasília de Minas e voltaria a tempo para o show. Mas ao chegar a Belo horizonte não conseguiu passagem nem para seguir viagem nem para voltar a São Paulo. Acabou desistindo do programa e, na primeira oportunidade voltou para Brasília de Minas, deixando para trás o sonho de ser cantor.
Em Brasília de Minas, Lourinho constituiu família e jura que nunca mais pensou em cantar. "Mas queria que meus filhos, Warleyson e Wanderson, seguissem a carreira artística. Meu sonho é que formassem uma dupla sertaneja. Até o cabelo dos meninos eram cortados à moda Chitãozinho e Xororó. Matriculei os dois no conservatório e tentei transmitir para eles todo o amor eu que tinha pela música", relembra.
Hoje Warleyson e Wanderson são músicos, mas longe de serem uma dupla sertaneja. Warleyson é guitarrista com influências do heavy metal, e Wanderson toca piano e acordeon. Ambos, com virtuose e maestria invejáveis.
REDESCOBRINDO A MÚSICA
Nos preparativos para as comemorações dos seus 50 anos, Lourinho, por proposta e incentivo dos filhos, grava um CD com as canções que embalaram seus sonhos pueris, com o qual presentearia os convidados na festa. A idéia emplacou de tal forma que os garotos resolveram fazer uma apresentação ao vivo das canções gravadas, claro, interpretadas pelo pai.

Quatro anos depois, Lourinho diz que continua revivendo a mesma emoção experimentada na festa de seus 50 anos. "Depois da festa, as pessoas me pediam para voltar a cantar, tive várias propostas para me apresentar em bailes, confraternizações e festas temáticas. Então, com apoio dos meus filhos, tomei coragem. Selecionamos algumas músicas com as quais tinha mais identificação, reunimos um grupo de músicos e começamos os ensaios. Desde então, nunca faltaram shows na agenda. Divido o tempo entre os shows e meu trabalho como vendedor. E garanto, estou muito feliz", comemora, reafirmando que o poeta tinha razão quando disse que os sonhos não envelhecem.
Agora Lourinho se prepara para gravar o primeiro DVD ao vivo e lançar o segundo CD, que já está pronto. "Esse ano será de agenda cheia", prediz o cantor, que agora sonha em comprar um helicóptero.
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