Os riscos e benefícios do carnaval

Jerúsia Arruda


Quando se fala em carnaval no Brasil, os números são sempre grandes. A festa, que está cada vez mais encorpada e aquecida nos quatro cantos do país, é responsável por um substancial incremento na economia, mas também pela elevação do consumo de bebidas e drogas, dos índices de violência e de acidentes nas estradas.

Antes mesmo do início das festas, as polícias Civil e Militar constataram que somente em Minas Gerais houve um aumento de 20% nas apreensões de drogas. Pelas rodovias do estado mineiro também circularam, no período de carnaval, mais de 500 mil veículos - pelo menos 300 mil deles passaram pelas estradas norte-mineiras, região que se configura como segundo maior entroncamento do país.

Além da ávida busca pelos rios e praias, os cálculos da Polícia Rodoviária Federal também atribuem o grande número de veículos circulando pelas estradas ao aumento da frota, fruto do crescimento da economia brasileira, cujo Produto Interno Bruto no ano passado foi de 7,5%.

Com tantos carros circulando ao mesmo tempo, muitos deles conduzidos por motoristas inexperientes, às vezes alcoolizados, apesar do reforço do policiamento, aumento da fiscalização, blitz educativa, redução de velocidade permitida e instalação de radares em diversos pontos das vias, o número de acidentes foi maior que o registrado na mesma época no ano passado.

De acordo com o bálano da PRF, de sexta até a meia noite de terça-feira, foram registrados 3.563 acidentes com 2.152 feridos e 189 mortos nas rodovias federais do país. O número é maior do que em todo o carnaval do ano passado, quando foram registradas 143 mortes. Segundo a PRF, o consumo de bebidas alcoólicas associado à direção continua sendo uma das principais causas de acidentes. O relatório apontou que 437 pessoas foram presas por embriaguez ao volante e foram feitos quase 30 mil testes para medir o teor de álcool no sangue com resultados positivos em 3.124.

Pela ótica da economia, os números são igualmente expressivos. Hoteis, pousadas, pensões e albergues, desde cidades como Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Recife, como as pequenas cidades ribeirinhas do interior, foram lotados por turistas, que também esvaziaram as cozinhas de bares e restaurantes de todo país. A produção de cerveja e chope aumentou em mais de 50% e algumas cervejarias não deram conta de atender à grande demanda. O mercado de trabalho para artistas, especialmente do samba, também foi ampliado no período de festas. Além disso, os desfiles de escolas de samba e blocos caricatos estimulam o comércio, aquecendo especialmente o mercado informal.

Apesar dos riscos, os dados mostram que a festa momesca é um fenômeno da economia, com incremento ao comércio e turismo, e geração de empregos e renda.

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