Como escolher um assessor parlamentar

Jerúsia Arruda

Causou estardalhaço e certo desconforto a notícia que o palhaço Tiririca teria contratado os colegas humoristas José Américo Niccolini e Ivan de Oliveira como secretários parlamentares, ambos recebendo o maior salário do gabinete, de até R$ 8 mil, somadas as gratificações.

A notícia provoca um inevitável questionamento: Quem pode ser contratado como assessor paramentar? Teoricamente, a assessoria parlamentar tem a função de promover o interesse coletivo e corporativo na esfera de suas respectivas competências e o que se espera é que a pessoa contratada tenha habilidades e envergadura para exercer tal função. Teoricamente, porque, na prática, o mais comum é ver cada vez mais pessoas despreparadas ocupando o cargo, nomeadas sabe-se lá baseado em que critérios, em todas as instâncias da esfera política.

Mas o caso do palhaço Tiririca tem algumas especificidades que merecem reflexão. Nas eleições de 2010, Tiririca (PR-SP) foi o deputado mais votado do Brasil, com 1,3 milhões de votos e foi a dupla de humoristas contratada que criou os slogans da campanha eleitoral que o levaram a alcançar esse resultado. Niccolini e Ivan disseram ao jornal O Estadão que o grande diferencial para terem sido contratados foi a capacidade de dar ideias: “A gente é bom para dar ideias.Ele (Tiririca) escolheu a gente porque ajudamos na campanha, só por isso. Porque acredita que podemos dar boas ideias.”

Pois bem. Apesar de um tanto questionável a nomeação, entre outros motivos, pelo fato de os dois humoristas trabalharem diariamente em São Paulo, lugar onde Tiririca possui escritório político, a assessoria do deputado Tiririca não é muito diferente da de muitos parlamentares Brasil afora.

A grande questão é: O que o povo brasileiro, consciente dos equívocos do poder público, está fazendo para mudar esse cenário?

Uma reforma política que irá exigir novas regras para o sistema eleitoral vem sendo anunciada pelo governo federal, mas é preciso que os eleitores se conscientizem que negligenciar o processo eleitoral, votando em protesto, escárnio ou rejeição em qualquer candidato em nada contribui para uma real mudança. Todos têm o direito de escolher livremente em quem votar, mas, depois do processo definido, não adiantar criticar e no próximo pleito repetir o mesmo erro.

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