Sob o impacto da violência

Jerúsia Arruda

Apesar da fama contrária, o profissional do jornalismo sofre cada vez que tem que noticiar um acontecimento trágico, o sofrimento. Falar sobre as 12 crianças mortas e outras tantas feridas na manhã da última quinta-feira, 07 de abril, na escola municipal Tarso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, certamente foi um momento de dor profunda para toda a imprensa, afinal, estamos registrando em palavras impressas, áudio e imagens chocantes um tempo onde a criminalidade não tem mais limites, invadiu todos os espaços.

É estarrecedor como o ser humano está cada vez mais bestializado e, infelizmente, estamos sendo obrigados a testemunhar e registrar para a posteridade.

Um fato como o acorrido na escola de Realengo, vitimando física e psicologicamente crianças inocentes, causa uma sensação de impotência e provoca a reflexão sobre o que estamos fazendo com nossas vidas, para que corremos tanto, trabalhamos tanto, se na próxima esquina, em casa e até na escola, pode estar o fim, determinado por uma pessoa para quem a vida não tem nenhum valor.

A invasão de escolas seguida de assassinato de estudantes inocentes não é inédita. Aliás, parece que essa forma de violência é objeto de desejo de certos criminosos, já que a maioria dessas ocorrências tem as mesmas características. E todas elas provocaram o mesmo horror, o mesmo sofrimento e o mesmo repúdio.

Ouvimos o tempo todo que o mundo jaz no maligno, mas ver criancinhas sendo massacradas pela maldade e pela violência é realmente um espetáculo de horror, que imprensa de qualquer lugar do mundo sofre em ter que noticiar.

Foi na mesma quinta-feira que a OTAN disparou contra tanques rebeldes no leste da Líbia, deixando 04 mortos, dentre eles dois médicos, 14 feridos e 06 desaparecidos. Apesar da guerra incessante que acontece no mundo, especialmente nos países do Oriente Médio, também vitimando crianças inocentes, o ataque à escola, por ser tão improvável, tão inesperado, acaba causando um choque exponencialmente maior ao cidadão comum. O que também é lamentável, pois demonstra que o mundo está habituado aos horrores da guerra.

Os doze vasos de flores colocados em frente à escola de Realengo, na Rua General Bernardino de Matos, os cartazes escritos pelas crianças que conseguiram escapar do ataque e as velas acesas pela comunidade simbolizam o clamor de um povo que já não suporta mais conviver com a violência.

Mas para que o mundo possa se tornar melhor é preciso que cada um faça sua parte cultivando o amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Só o amor seria capaz de confortar os familiares e amigos das vítimas e renovar a esperança no coração de cada um que se sente estarrecido diante do ocorrido.

Esta, sim, é a notícia que a imprensa certamente gostaria de ter dado na última quinta-feira, Dia do Jornalista.

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