Uma entidade cultural viva

Academia Montesclarense de Letras comemora 45 anos com lançamento de revista antológica e nomeação de novos membros

Fotos Jerúsia Arruda
Do alto dos seus 97 anos de idade, Dona Yvonne
deixou claro porque se tornou a diva
das letras do Norte de Minas

A Academia Montesclarense de Letras completa 45 anos, neste ano, e até o próximo mês de novembro será realizada uma série de atividades para celebrar a data.

A abertura da programação aconteceu na quinta-feira, 28/07, no Elos Clube, com o lançamento do segundo volume da Revista da Academia Montesclarense de Letras, que nessa edição homenageia, in memoriam, quatro nomes ilustres que fizeram parte da Academia: Cândido Simões Canela, Felicidade Perpétua Tupinambá, Olímpio Alves Silveira e Hermes Augusto de Paula.

Durante a solenidade de lançamento, como sói, a presidente da Academia, Yvonne de Oliveira Silveira, voltou a demonstrar porque se tornou a diva das letras do Norte de Minas. Num discurso breve e incisivo, Dona Yvonne explicou a origem das academias de letras, que remonta à história francesa, com uma memória e vocabulário surpreendes para os desavisados que ainda não haviam vivenciado a experiência de ouvir suas palavras articuladas, coerentes e instrutivas, num fulgor invejável do alto dos seus 97 anos de idade.

- O homem é um animal superior não somente pela linguagem, mas principalmente pela capacidade de produzir cultura, e a academia de letras é importante na preservação desta cultura. Comemorar 45 anos da Academia significa que Montes Claros está em um nível de progresso avançado porque possui produção intelectual suficiente para resguardar sua história – ressaltou Dona Yvonne lembrando que manter a Academia ativa e produtiva durante todos esses anos foi uma luta diária.

A Academia Montesclarense de Letras foi fundada em 1966, por treze sócios. Hoje são 40 cadeiras, muitas delas ainda ocupadas por seus sócios fundadores, como a presidente Yvonne Silveira, uma das patronas. Os trabalhos da academia se destacam pelo incentivo e divulgação da produção literária local. Além dos acadêmicos titulares, a Academia também possui membros honorários, ex-membros titulares que deixaram a Academia porque tiveram que se mudar de Montes Claros, sócios beneméritos, que contribuem financeiramente para a academia, e sócios correspondentes, membros de outros locais do país.

A solenidade de abertura das comemorações contou ainda com a apresentação do grupo de serestas João Chaves, que apresentou clássicos do cancioneiro popular como Chuá Chuá (Pedro de Sá Pereira e Ary Pavão) e Sereno da Madrugada (Tonico e Tinoco) e declamação emocionada da acadêmica Mary Silqueira Lélis de poema de sua autoria. Com a jovialidade e simpatia de sempre, o acadêmico Wanderlino Arruda anunciou a criação da Academia Montesclarense de Artes, que já vem sendo articulada e será anunciada em breve.

REVISTA
Em formato de livro, além das homenagens, as 170 páginas do segundo volume da Revista da Academia Montesclarense de Letras trazem artigos produzidos pelos sócios da Academia e, em memória dos poetas mortos, resgata poemas de alguns acadêmicos. Além do valor literário e histórico, a revista traz informações e curiosidades sobre os homenageados.

- A produção intelectual de Montes Claros é muito rica, volumosa e se tivesse incentivo seria ainda maior. Chegar a esse resultado da revista foi muito difícil porque a Academia não possui nenhum recurso, mas mesmo assim, é gratificante e vale a pena o esforço – avalia o acadêmico Itamaury Teles, editor da revista comemorativa, que foi vendida pelo valor de 15 reais.

- O valor arrecadado com a venda da revista será utilizado para a produção de uma antologia, que será lançada no final das comemorações dos 45 anos – completa Itamaury.


PROGRAMAÇÃO
Neste ano, a Academia recebe dois novos sócios: os jornalistas Jorge Silveira e Luis Carlos Vieira Novaes. Jorge Silveira será o sucessor de Olyntho Silveira, fundador da Cadeira nº 15; e Luiz Carlos Novais, sucessor de Amélia Prates Barbosa Souto, Cadeira nº 5, do fundador Hélio Oscar Vale Moreira.

As comemorações iniciaram com o lançamento do segundo volume da
Revista da Academia Montesclarense de Letras
Até o mês de novembro também está programada a exibição do documentário Antônio Dó - Oralidade, produzido por universitários de Comunicação da Universidade Federal de Viçosa; palestras sobre o livro Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, por Ivana Ferrante Rabello e O Amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos, pela acadêmica Karla Celene Campos; lançamento dos livros Crenças e Sabenças no Norte de Minas, da acadêmica Clarice Sarmento, Cantar de Amigos, da acadêmica Yvonne Silveira, De Pilão Arcado a Montes Claros, do Ten. Agnaldo Ribeiro de Souza, e Balangador de Rede, do acadêmico Itamaury Teles.

No dia 13 de setembro será o ponto alto das comemorações, com a realização da festa de aniversário e homenagem aos membros fundadores da Academia.

A programação inclui, ainda, entrega do diploma de sócio benemérito post-mortis à esposa Dália Fróes, pela doação dos recursos da venda dos livros à Academia Montesclarense de Letras; palestra com o tema A arte de fazer trovas, por Yvonne Silveira, e lançamento do III volume da Antologia da Academia Montesclarense de Letras.

As comemorações terminam com um jantar de congraçamento dos acadêmicos.

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