Ao som de Baterias
Em Montes Claros, um grupo de bateristas realiza projeto itinerante, levando a bateria para as praças, promovendo uma aproximação do público com o instrumento
POR JERÚSIA ARRUDA
Bateristas participantes do projeto (Foto: Jerúsia Arruda) |
Mesmo que não saiba tocar um
instrumento ou conheça minimamente a técnica musical, o ‘ritmo’ do brasileiro é mundialmente
conhecido. A verdade é que não que não há um único cidadão brasileiro que não
saiba tamborilar uma caixinha de fósforo, ou algo que o valha, enquanto ouve um
bom e velho samba. E se não for assim, “bom sujeito não é”.
Essa vocação musical tem sido
um ponto forte na formação de uma nova geração de músicos interessados no
instrumento que dá pulso a esse ritmo: a bateria.
Em Montes Claros, um grupo de
bateristas, coordenado pelo músico e professor Marco Neves, está realizando um
projeto itinerante, levando a bateria para as praças, promovendo uma
aproximação do público com o instrumento que nos palcos está sempre na
‘cozinha’. Trata-se do projeto ‘Bateras na Praça’, lançado em 03 de julho, dia
do aniversário de Montes Claros, e que até o final do ano vai percorrer
diversos bairros da cidade, reunindo bateristas profissionais e amadores, com
apresentações nas praças, gratuitas e abertas ao público.
O baterista Marco Neves,
coordenador do projeto, explica que a ideia surgiu de um encontro de bateristas
que participou, em meados da década de 2000, em Brasília/DF. O ‘Bateras 100%
Brasil’, organizado pelo baterista e professor Dino Verdade, reuniu cerca de
300 bateristas de todo o país.
- Desde então, tinha vontade de
fazer um movimento parecido em Montes Claros, mas só agora foi possível
viabilizar. A cidade sempre foi um celeiro de artistas e ótimos músicos e o ‘Bateras
na Praça’ veio com uma proposta de liberdade criativa e de interação, abrindo
espaço aos músicos, ao público ligado à música, aos interessados em arte, e à comunidade
em geral, divulgando e valorizando a bateria e dando visibilidade aos
bateristas, possibilitando a apresentação dos seus trabalhos envolvendo os
ritmos brasileiros, pop, rock, jazz, entre outros. O resultado tem sido
surpreendente sobre todos os aspectos – explica o coordenador.
Marco Neves diz que Montes
Claros tem excelentes bateristas, que atuam em vários contextos, formais e
informais, como professores nas instituições de ensino, em bandas de baile, nos
estúdios, nas bandas com trabalhos autorais, nas igrejas, bares, restaurantes,
tocando os mais variados ritmos e estilos musicais, acompanhando duplas
sertanejas, grupos de pagode, axé, rock e demais artistas da cidade.
- A proposta do ‘Bateras na
Praça’ é criar um espaço de confraternização, troca de ideias e diversão para
os bateristas de Montes Claros. As apresentações acontecem uma vez por mês,
sempre em praças públicas, possibilitando o intercâmbio de ideias. Nossa meta
é, em breve, estender os encontros para outras cidades da região, promovendo o
intercâmbio musical em nível regional.
Marco explica que ao final do
encontro, os bateristas se apresentam juntos, e o resultado é surpreendente.
- A apresentação de uma
orquestra de bateristas proporciona uma sonoridade única e esteticamente atrai
bastante a atenção de todos. Logo após a primeira apresentação, no aniversário
da cidade, muitas pessoas nos procuraram, perguntando sobre o projeto, novos encontros,
sobre aulas de Bateria. Foi muito inspirador para todos nós – avalia.
PROFISSÃO:
BATERISTA
Marco explica que cada baterista
possui uma característica única, apresentando técnica e sonoridade muito
próprias.
- O músico deve buscar sempre o
aprimoramento no instrumento, buscando um bom professor para seu
desenvolvimento. Atualmente, Montes Claros possui ótimos bateristas e
professores, contribuindo de forma positiva para a formação de novos músicos.
Montes Claros é um celeiro de bateristas que desenvolvem trabalhos em várias
áreas de atuação e é importante que mantenham seus estudos sempre atualizados -
recomenda.
De acordo com o baterista, é
possível viver de música em cidades do interior, desde que o músico procure se
profissionalizar e se mantenha atualizado, que desenvolva e participe de
projetos na área, que saiba trabalhar em conjunto e, acima de tudo, que seja
dedicado.
- Como em qualquer área, a
música exige muito sacrifício e empenho. Durante minha carreira busquei me
qualificar da melhor forma possível. O maior desafio talvez seja manter
atualizado, acompanhar o desenvolvimento do instrumento e os bateristas
contemporâneos. Além disso, ser músico exige persistência, foco e a compreensão
de que estará sempre na estrada, portanto, longe da família e sem descanso nos
finais de semana. Enfim, são muitos os desafios, mas sempre compensados quando
fazemos o que amamos, que, no meu caso é tocar e lecionar Bateria.
Fundador do Curso de Bateria no
Conservatório Lorenzo Fernândez, em 1996, e professor do professor da Unimontes
desde 2006, Marco Neves é graduado em Educação Artística com Licenciatura em
Música pela Unimontes, Pós-graduado em Arteterapia em Educação pela Universidade
Cândido Mendes – UCAM/RJ, Mestre em Música na subárea de Etnomusicologia pela
Universidade Federal da Paraíba e Doutor em Ciências Sociais, subárea de
Antropologia Cultural pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ.
Músico desde os 10 anos de
idade, Marco conta que começou os estudos na bateria aos 15 anos, autodidata,
assistindo a vídeos de bandas e bateristas da região. Quando completou 16 anos
viajava 455 km para Belo Horizonte para adquirir métodos de bateria e, no início
dos anos 90, se mudou para a capital mineira onde estudou com grandes mestres
da bateria e sempre um colega indicava um
novo livro ou videoaula em VHS, geralmente vindo de USA.
- Todos solicitavam cópias. Foi
nessa época que tive meus primeiros contatos com as videoaulas de bateristas
renomados – lembra.
Ainda em Belo Horizonte, formou a banda de Rock Virna Lisi,
com a qual gravou o CD intitulado “Esperar o quê?” e viajou pelo Brasil, dividindo
o palco com artistas renomados do Rock, Pop, e MPB, como Titãs, Paralamas do
Sucesso, Lobão, Capital Inicial, Tom Zé, Zé Ramalho, Skank, entre outros. No
início dos anos 90, foi eleito Baterista Revelação pela extinta revista BIZZ.
Em 1996, retornou para
Montes Claros e passou por uma seleção de professor de Bateria do Conservatório
Lorenzo Fernândez, onde lecionou de 1996 a 2011. Em 1999, ingressou no Curso de
Educação Artística com Licenciatura em Música da Unimontes.
Como músico e professor, Marco
diz que Montes Claros tem oferta para a formação profissional.
- A nova geração de músicos de
Montes Claros é promissora, comprometida com os estudos e focada no trabalho. Minha
sugestão é que se mantenha firme na busca pelo sonho de tocar Bateria, mantendo
os estudos em dia, se profissionalizando e investindo em suas carreiras. Tocar
Bateria requer foco, compromisso, empenho e trabalhar com afinco é fundamental.
No mais é ter a consciência de que somos privilegiados em ter a música como
companheira de jornada em nossas vidas. Tocar e tocar – finaliza.
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