Montes-clarense é destaque internacional na dança contemporânea
No palco sua criação artística não tem limites. O
silêncio se mistura com o movimento do corpo. Cada passo, expressão, deslize de
pés e mãos ganham vida, em um processo que o bailarino montes-clarense José
Artur Campos transforma em arte. Uma verdadeira interpretação de sentimentos,
vivência e experiências do mundo real, jogados no palco e na tela.
Profissional do ‘coreocinema’, José Artur vive nas
relações e transições entre o cinema e a dança. Suas produções (e porque não
inquietações) ganham cada vez mais destaque internacional. Morando em Portugal
desde 2006, José tem se destacado com sua virtuosidade. “Eu tenho uma espécie
de fascínio pelo gênero fantástico. Por isso acabo por ver o mundo de uma forma
diferente, a propor algo novo, que não existe. A dança e o cinema tornaram
minhas ferramentas e plataformas de expressão. Mas, a inspiração vem de onde?
Vem de tudo que eu vejo, sinto, toco, pesquiso, como, amo, faço e sou”,
destaca.
Nas suas produções o homem, o corpo, busca entender
o mundo ao redor, compartilha com outros corpos as vivências do cotidiano, se
inspira pelos acontecimentos reais e imaginários. Seu primeiro projeto, ‘Treze’
(2013), é bem isso, “um lugar feito de terra, com seres vivos e um fenômeno
fantástico: o encontro”.
CINEMA
Em um constante processo de crescimento da sua
arte, José Artur divulga agora seu novo trabalho, o curta metragem de dança ‘Meia-de-leite’ (indicado
como melhor filme português no Festival de Cinema Internacional do Porto -
Fantasporto - 2015). O curta, de dança contemporânea, é o encontro de cinco
pessoas em um café, na cidade do Porto (Portugal). Elas possuem vidas
diferentes, fazem percursos diários diferentes, mas se encontram neste ponto,
no café.
Segundo o bailarino, a ideia é “procurar entender
porque o cotidiano é tão estético visualmente, mas como muitas imagens passam
desapercebidas”. Nas imagens, os movimentos do dia viram coreografia. “Porque
os movimentos cotidianos são tão repetidos e como algumas profissões (escolhas
de vida) condicionam o corpo a reproduzir movimentos mecânicos e não
conscientes?”, questiona José Artur.
A gestora cultural Laisa Bastos, coordenadora do
Formigueiro Cultural (empresa de desenvolvimento, produção e gestão de projetos
culturais), destaca que a cidade sempre foi referência
na produção cultural no estado e que é preciso continuar investindo em todos os
seus segmentos culturais. “Só assim continuaremos exportando produções de
qualidade, como é o caso do José Artur. Ele vem mostrando a excelência do seu
trabalho, levando sempre abordagens cotidianas que realmente nos fazem pensar
no ‘todo’, nos levando sempre a uma análise critica e reflexiva”, destaca
Laisa.
Ainda neste mês, José Artur retorna à sua terra
natal. O Formigueiro é parceiro das ações do ator e trabalha para a realização
de apresentações na região. Desembarcando como “estrangeiro” em Montes Claros,
a expectativa é exibir sua arte e, porque não, criar em solo Norte Mineiro. “No
fundo estou sempre a buscar espaço. A busca de espaço é uma constante criativa.
E tenho me classificado estrangeiro como perfil. Onde for, sinto-me
estrangeiro”, finaliza.
BREVE CURRÍCULO DO ATOR JOSÉ ARTUR

José Artur nasceu em 1984, em Montes Claros, e
resolveu fazer o caminho inverso, descobrir Portugal. Ingressou nos estudos de
dança ainda criança no grupo folclórico ‘Saruê’. Formou-se em Artes pela
Unimontes. Licenciou-se em Comunicação Social e se especializou em
Educomunicação, tema do seu primeiro Mestrado na Universidade de Trás-os-Montes
e Alto Douro - UTAD, em Vila Real, Portugal.
No Teatro Universitário da UTAD obteve várias
formações, integrando a Companhia Filandorra Teatro do Nordeste. Em Barcelona
(Espanha), no Estúdio Paralelo, estudou interpretação para cinema. Voltando
para Portugal, agora na cidade do Porto, fundou a Companhia ‘Elástico’, no qual
co-criou peças de dança, teatro e performances. Formou-se em dança clássica,
moderna e contemporânea no Ginasiano Escola de Dança. Trabalhou com diversos
coreógrafos renomados. Em 2013 entrou para a Companhia Instável de Dança
Contemporânea.
Do seu percurso coreográfico destaca-se o solo de
dança contemporânea 'Mimo',
o dueto ‘Treze’ e realizou o curta metragem de dança ‘Meia-de-leite’ (indicado
como melhor filme português no Festival de Cinema Internacional do Porto -
Fantasporto - 2015).
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